Sopa de agrião

Tradução do Beatriz Cannabrava Sai do supermercado con sua sacola cheia de verduras, comprou um maço de agrião para fazer caldo, seu amigo Joaquim lhe disse que, para os dias frias no longo inverno estadunidense, o caldo de agrião era a melhor. Maria somente provou a agrião em salada e nas tortinhas de carne, que às vezes agrega acelga e em outras agrião, embora ultimamente também as revolve com tofu.   Em uma mão leva uma libra de uvas que vai degustando uma por uma, somente come esta fruta em dezembro porque recordam seus anos de adolescência em sua Guatemala natal:  teme…

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Geleia de romã

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Desperta, observa o relógio, são quatro e vinte e dois da madrugada. Abraça os lençóis e se estira na cama, levanta-se e põe a água para ferver para o café. Escova os dentes e enquanto a água ferve, Cecilio se assoma à janela, do outro lado uma escuridão espessa, que logo dará passo ao amanhecer, lhe recorda que são os últimos dias do verão.   Logo terá que guardar a roupa de verão e começar a ventilar a de inverno que ao terminar a estação guardará um sacos plásticos e para que não tenham…

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As espigas arejando-se

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Cada vez que pode, Perfecto lhe conta ao que vai encontrando no seu caminho que há muitos anos tem sua família nos Estados Unidos e que arranjou documentação a todos seus filhos, que até netos lhe nasceram no Norte. Mas a verdade é outra, a realidade de Perfecto é como de milhares de indocumentados, lhe dá vergonha dizer que não tem documentos e o medo à deportação o faz mentir constantemente sobre sua vida no país.  Emigrou há mais de trinta anos, ainda na adolescência. Em sua primeira noite no Norte a angústia…

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Os sonhos de Bertita

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Pelas manhãs, Bertita e sua mãe racham lenha na casa dos vizinhos que contratam seus serviços, regularmente adultos mais velhos que ficaram sozinhos poque seus filhos foram para o Norte. Bertita de vinte anos amarra no chale a sua filha de um ano e a acomoda nas costas, seus outros dois filhos de cinco e de sete são os que se encarregam de acomodar a lenha para não deixar os montões espalhados. Quando lhes vai bem logram que incluam almoço no pagamento. Umas tortilhas que molham no caldo de ervas, em um prato…

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O sorriso de Martina

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul A primeira vez que Arnold bateu nela foi em sua primeira noite dormindo juntos. Martina fugiu com ele porque sua família queria mandá-la viver na casa da sua tia Dominga na capital, para tirar o folgado que a andava rondando, assim chamava o seu pai a Arnold, “o folgado sem ofício”. Sua mãe, que havia crescido arreando vacas e fazendo tortas para toda a família e que quando se casou lhe tocou o mesmo ofício, lhe disse que não pensasse em casar até que se graduasse em algo que ia tirá-la de andar…

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