Feijão maduro

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Clemencia comprou feijão maduro, ia por chiles doces e cebolas, mas o feijão lhe saiu ao passo desde a cesta da senhora Maria. Primeiro parou de cabeça para baixo, levantou as mãos e dançou,  mas Clemencia estava entretida buscando os chiles mais atrativos . O feijão não se deu por vencido e utilizou sua última ferramenta, se lançou de barriga sobre os maços de sete montes, sabia que era a única forma de chamar a atenção da despistada. Com cinco chiles na sacola, Clemencia procurou as cebolas, mas como um montão espesso de fim…

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Mingau de soro de leite com farinha

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Começou a chover as quatro da tarde e não parou nem um segundo. Fausta se encomenda, acendo uma vela ao Senhor de Esquipulas e abriga a seus seis filhos na cama com o poncho eu lhe comprou à prestação  a um vendedor que chega todas as quintas-feiras desde Momostenango apregoando fronhas para os travesseiros, lençóis, ponchos e toalhas típicas. Sempre chega com seu filho adolescente e andam toda a cidade e os aldeias com suas vendas a prazo.  Fausta lhes dava onde esquentar as tortilhas na quentura da panela, eles as levavam em um…

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Sorvete de Coco

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Desperta como todos os dias às três da madrugada, se pega um estirão na cama de metal que têm uma perna torta e dá um salto, cai em pé no chão de terra. Destranca a porta feita com pedaços de tábuas e sai para o quintal a escovar os dentes e lavar-se a cara com a água fria que recebeu o sereno à noite. Corta um limão pelo meio, deixa cair um pouco de bicarbonato e passa nos sovacos.  Amarra o cabelo em um rabo de cavalo, termina de pôr os sapatos e…

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Doces de cardamomo

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Está no tanque lavando a roupa de toda a família desde as quatro da madrugada, algumas chegaram desde as três, cada una acompanhada con um candil para iluminar-se um pouco na grande escuridão em meio às arvores da aldeia. Por sorte têm um teto que as cobre um pouco quando chove sem  vento, mas quando são tormentas não há onde refugiar-se e lavam recebendo o aguaceiro, terminam com a roupa empapada, que vai escorrendo enquanto caminham de regresso para suas casas.   Se terminam antes que amanheça aproveitam para banhar-se, com sabão de coche ou…

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Refresco de rosa Jamaica

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Em outros tempos tinha comprado as goiabas na aldeia a dez len  cada uma, “goiabonas” galanas do tamanho de sua mão, mas em câmbio essas goiabas  churucas  dão mais lástimas que gosto, caríssimas como tudo, hoje em dia até o ar que se respira sai caro, reflete Toña, vendo como ajusta seu salário estirando os centavos.  Tem vontade de refresco de rosa de Jamaica, os sacos de duas libras, sempre os encontra nas prateleiras de baixo, onde estão os feijões verdes e as beterrabas.  Embora sempre direto onde mandaram fazer compras, hoje Toña tem vontade de caminhar…

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Batido de frutas 

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Tanita sempre desejou um batido de frutas, um sonho inalcançável em sua infância. Os liquidificadores eram imagens da que falavam nos anúncios de rádio, quando sintonizavam a Porfirio Cadena “O olho de vidro”. Que emoção, recorda Tanita, quando chovia no rádio, escutar os trovões que sacudiam o teto da casa, o som dos cavalos caminhando sobre a rua: taca, taca, taca, ta…    Imaginava que tudo aquilo acontecia entre os montes e se lhe perdia a mente entre os caminhos reais, os pés de goiabas vermelhas e os “zacatales”. Perguntava-se nas casas desse lugar…

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