De sol a sol

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Francisco tem a sorte de trabalhar de segunda a domingo sem importar o clima. Assim conta à sua mãe em sua natal Morazán, El Salvador, cada vez que a chama por telefone. O trabalho é duro, mas não tão diferente à jornada no campo em seu país natal, onde cresceu arando a terra com uma junta de bois.  Quando lhe disseram de ir para O Norte, não pensou duas vezes, disso já faz trinta anos. Deixou os cerros e os rios para ir morar em uma cidade de arranha-céus, para trabalhar no porão…

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Turno da madrugada

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Parte o abacate pela metade e tira do saco as tortilhas que embrulhou em papel alumínio, tira a tampa do recipiente plástico que lhe resta na lancheira, aí tem feijões fritos e três ovos cozidos. Enrolado em um guardanapo um punhado de sal e um chile jalapeño. Na garrafa térmica tem café. É hora de jantar.  Calandria Guadalupe, começou a trabalhar na elaboração de pratos de barro com a idade de cinco anos, na comunidade e Santa María Magdalena Tiltepequec, Santos Reyes Nopala, Oaxaca, México, a quinta de doze irmãos, de uma família de…

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O retorno de Silverio

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Silverio tinha dois anos quando seu pai emigrou de forma indocumentada para os Estados Unidos, suas irmãs Bartola e Chucita tinham três e quatro. Durante anos só conheceram sua voz quando ele chamava por telefone nos fins de semana e observaram as únicas duas fotografias que sua mãe tinha junto com ele, nenhuma com a família.  Quando a tecnologia chegou à sua natal Lelá Chancó, Camotán, Chiquimula, Guatemala, eles não tinham dinheiro para comprar um telefone celular com os quais se podem realizar videochamadas; isso lhes chegou em uma encomenda que lhe enviou…

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A luz na janela

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Corre a cortina e abre as persianas, os raios de luz atravessam o pó no quarto. Marcelino mora em um edifício antigo, descuidado pelos donos que têm como inquilinos a migrantes latino-americanos indocumentados, por isso não se preocupam em fazer as reparações obrigatórias.  Por mais que limpe, o pó se acumula, como as baratas e as formigas. Marcelino aluga um estúdio, um quarto pequeno onde tem um fogão, uma geladeira pequena e o banheiro, mal tem espaço para se mexer. Depois de morar 12 anos em um apartamento com mais 8 migrantes, se…

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As andas de Cecilia

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Cecilia nunca imaginou que depois de trabalhar em uma maquila em sua natal Puerto Lempira, Gracias a Dios, Honduras, chegaria a trabalhar pintando casas nos Estados Unidos. Ele não aterrizou em restaurantes de comida rápida, tampouco em trabalhos de manutenção, a esperava o rubro da construção e da jardinagem.  Embora em seu país de origem as mulheres que carregam a família nas costas estão acostumadas a realizar tarefas que pelo gênero lhe corresponderia aos homens, o novo para ela fui subir em umas andas para pintar o céu das casas. Quando emigrou lhe…

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O frio na diáspora

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Campestre sempre quis comprar umas botas de inverno, mas sua economia é tão precária apesar de seus três trabalhos. As imagina, se vê com as botas postas cobrindo seus pés das temperaturas abaixo de zero. A roupa de inverno é cara e as botas muito mais, ter roupa de inverno é uma opulência para um migrante indocumentado como Campestre, de 76 anos, sem direitos trabalhistas.  Quisera uma chumpa[1]  e umas luvas forradas, também uma calça, a roupa que usa para trabalhar não o ajuda com o frio, é a mesma roupa de verão. Então…

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Outros horizontes

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Escuta ao longe o alarme do relógio despertador, vira para ver, são as três e trinta da madrugada, se levanto meio dormido e caminha para o banheiro, desde a noite anterior deixou a cubeta cheia com água para não ter que ir a essa hora a tirá-la do tonel que está no quintal. Em um saco tem quatro mudas de roupa, tira uma que passou na noite anterior e se apronta para o entregador de pão que não tarda em chegar.  Em uma das bocas do fogãozinho de mesa põe os feijões para…

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