Refresco de carambola

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Nos primeiros anos, Filomena anotava em espanhol em uma livreta e com um tradutor inglês-espanhol traduzia a lista para comprar no supermercado, tudo para comida kosher. Em sua natal Sibaná, El Asintal, Retalhuleu, Guatemala, jamais ouvir falar da religião judaica e muito menos de comida kosher, foi em Chicago em seu primeiro trabalho que descobriu esse mundo de alimentos e rituais tão estranhos.  Ao princípio lhe pareciam manhas de gringos, como a dos evangélicos com seus alto-falantes a todo o volume em sua aldeia nos domingos de culto e o montão de “cucuruchos” [1]bem…

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Um raminho de hortelã

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Às onze e meia da manhã, Jacinta sentiu o cheiro da hortelã fresca depois da chuva e o de uns raminhos de coentro recém cortados envolvidos em uma tortilha recém saída do fogo, a sensação do suco de tomate escorrendo-se pelas comissuras dos lábios fez com que sentisse mais saudade da sua natal Olopa, Chiquimula, Guatemala e dos anos de sua infância em que a família estava unida.  É um dia caloroso de princípios de maio, coisa rara, porque o verão aterriza em junho com sua canícula e as chuvas torrenciais; o calor…

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De sol a sol

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Francisco tem a sorte de trabalhar de segunda a domingo sem importar o clima. Assim conta à sua mãe em sua natal Morazán, El Salvador, cada vez que a chama por telefone. O trabalho é duro, mas não tão diferente à jornada no campo em seu país natal, onde cresceu arando a terra com uma junta de bois.  Quando lhe disseram de ir para O Norte, não pensou duas vezes, disso já faz trinta anos. Deixou os cerros e os rios para ir morar em uma cidade de arranha-céus, para trabalhar no porão…

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Turno da madrugada

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Parte o abacate pela metade e tira do saco as tortilhas que embrulhou em papel alumínio, tira a tampa do recipiente plástico que lhe resta na lancheira, aí tem feijões fritos e três ovos cozidos. Enrolado em um guardanapo um punhado de sal e um chile jalapeño. Na garrafa térmica tem café. É hora de jantar.  Calandria Guadalupe, começou a trabalhar na elaboração de pratos de barro com a idade de cinco anos, na comunidade e Santa María Magdalena Tiltepequec, Santos Reyes Nopala, Oaxaca, México, a quinta de doze irmãos, de uma família de…

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O retorno de Silverio

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul Silverio tinha dois anos quando seu pai emigrou de forma indocumentada para os Estados Unidos, suas irmãs Bartola e Chucita tinham três e quatro. Durante anos só conheceram sua voz quando ele chamava por telefone nos fins de semana e observaram as únicas duas fotografias que sua mãe tinha junto com ele, nenhuma com a família.  Quando a tecnologia chegou à sua natal Lelá Chancó, Camotán, Chiquimula, Guatemala, eles não tinham dinheiro para comprar um telefone celular com os quais se podem realizar videochamadas; isso lhes chegou em uma encomenda que lhe enviou…

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