Dos campos às cabines de TV: as meninas também jogam (e entendem de) futebol

Tradução do Revista Diálogos do Sul  Cheguei aos “campos do lago”, assim são chamados os campos de futebol que estão em frente à praia da Rua Montrose, e minha grande surpresa foi ver times mistos de meninas e meninos; não pude conter o pranto pela emoção, aquele instante para mim foi catártico. Na minha infância, tinha crescido brigando com moleques, desafiando-os com socos para lutar por meu lugar no campo. Diziam-me que o futebol não era coisa de meninas, que fosse brincar com bonecas e lavar pratos. Eu em resposta os desafiava e dizia que iam ver que eu não estava…

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Uma primavera de milhões de Lulas

Tradução do Eduardo Vasco, Diário Liberdade  Em 1958 foi descoberta, quase por acaso e em sua própria casa, a cronista e poeta da favela, Carolina Maria de Jesus, que se encarregou de retratar seu dia a dia em seu diário: a vida nas favelas do Brasil. Uma realidade crua, de miséria, de abuso, de exclusão, e uma realidade também de sonhos, de lealdade e de amor puro. Muito pouco conhecida na América Latina, Carolina Maria de Jesus traduziu em suas letras a essência dos subúrbios brasileiros, os mesmos que em fervente amor têm saído às ruas para defender um operário…

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Na América Latina, floresce uma primavera de milhões de Lulas

Tradução do Revista Diálogos do Sul    “Lula se encontra nas veias dos párias, veias que fazem da América Latina um imenso rio amazônico que nutre povos inteiros, povos que vêm caminhando, descalços, dançando com batucadas, em busca da verdejante primavera que os espera com a beleza das flores em botão”. Por volta de 1958 foi descoberta, quase por acaso e em seu próprio habitat, a cronista e poeta da favela, Carolina Maria de Jesus, que se encarregou de retratar em seu diário seu dia a dia, a vida nas favelas do Brasil. Uma realidade crua, de miséria, de abuso, de exclusão e uma…

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A resistência dos açafrões

Tradução do Eduardo Vasco, Diário Liberdade  Eles pensam que não tem mais falta, que conseguiram pulverizar os anseios e que eles rasparam as raízes dos açafrados do campo. Eles pensam que deixaram as árvores sem cascas, sem forças, em terras corroídas. Eles acreditam que tudo é uma avalanche. Mas todo cipreste selvagem, nascido nas rochas, mostra o contrário. Eles pensam que eles silenciaram a música do goldfinch, mas os rebanhos que atravessam o horizonte mostram que existem trinos impossíveis de matar e que há belezas e liberdades deslumbrantes que nenhum ódio pode obscurecer.

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O abandono do sul de Chicago

Tradução do Eduardo Vasco, Diário Liberdade  O sul de Chicago é a decadência, é uma grande cidade que desmorona, ruas deterioradas, edifícios prestes a colapsar nas cabeças dos inquilinos que, na sua maioria, são afrodescendentes e latino-americanos indocumentados: mexicanos e centro-americanos. Mal pagos, explorados em seus empregos, estigmatizados e constantemente assediados pela polícia. O sul de Chicago parece um filme de ficção científica, daqueles futuristas que mostram o fim da humanidade. Muito parecido com a decadência das cidades fronteiriças entre o México e os Estados Unidos; onde o único que existe é balas, bares, sequestros e casas ou armazéns onde…

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O inverno como sossego e fortalecimento

Tradução do Eduardo Vasco, Diário Liberdade  No inverno, o céu fica de cor cinza e as nuvens densas descem para perambular pelas ruas da grande cidade; uma neblina gelada que faz com que os transeuntes despejados lamentem aquela estação que eles chamam de mau tempo. O humor diminui, os resfriados aumentam e a depressão se torna o sofrimento da estação. As pessoas muitas vezes são vistas amaldiçoando o vento frio, a neve acumulada, os dias cinzentos e os espessos flocos quando começa a nevar. Em sua raiva, eles são incapazes de desfrutar da magia que a natureza lhes dá: um…

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Gerações sem memoria

Tradução do Eduardo Vasco, Diário Liberdade  O que está acontecendo na América Latina agora, deve ser de vital importância para gerações de esquecimento. Todo mundo com 40 anos e menos é considerado parte da geração do esquecimento. Todo mundo que nasceu durante as ditaduras ou pós-ditaduras foi injetado com o gene da ignorância e do esquecimento coletivo. Nós pertencemos à geração de negação. Somos o produto de um plano baseado nesse objetivo: criar gerações vencidas, chambonas, ineptas, egoístas, consumistas e insensíveis. Alguns abalos em toda a extensão da palavra.

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