Discurso do novo presidente da Guatemala revela que ele é criminoso e terrorista

Tradução do Beatriz Cannabrava, Revista Diálogos do Sul

O país não precisa de violência governamental, nem ditadores, necessita de um governo que reconstrua o tecido social

Imagine que de um presidente recém eleito, no dia em que toma posse,  em seu primeiro discurso, aflorem ares de ditador e grite à cidadania que vai declarar as crianças e adolescentes do país como terroristas; pois isso aconteceu na Guatemala, lugar onde o romance de Miguel Ángel  Asturias – O Senhor Presidente – fica a dever ao dia a dia do país onde tudo acontece e as pessoas não estão nem aí, porque chegaram a assimilar o inverossímil com a naturalidade do realismo mágico das terra latino-americanas.

Um Giammattei recém ungido pela cúpula do crime gritou aos quatro ventos que vai «romper o cu» e vai desaparecer com quanta criança e adolescente que lhe cruze o caminho, e a qualquer um que ande querendo acumular, medalhas, palmadinhas nos ombros, aumentos salariais e posteriormente, patadas na bunda; simplesmente porque ele em sua posição classista, racista e de lambe botas decidiu declarar os brotos das periferias como terroristas, quando na Guatemala os bandos não são as crianças e adolescentes do país; as quadrilhas são outra coisa e não estão nas periferias , mas nas casas dos bairros chiques e no governo.

O contexto, o tom em que disse isso é muito claro, tal e como nos tempos da ditadura de Ríos Montt quando também as cúpulas criminosas no governo e as oligarquias decidiram que os povos originários eram «0s Terroristas» a ser vencidos e levaram a cabo o maior genocídio da América Latina. Embora as limpezas sociais na Guatemala tenham existido sempre, que um presidente fanfarrão venha a gritar aos quatro ventos em seu discurso de posse que vai exterminar aqueles que sistematicamente desde seu nascimento são violentados e têm negado os direitos ao desenvolvimento e uma vida integral, já é outra coisa. Porque esse é o significado de suas palavras.

Um panorama desolador espera os arrabaldes guatemaltecos, porque com as palavras do presidente qualquer um pode ser considerado criminoso (atenção, pertencer a um bando não significa ser criminoso, os bandos em si não são ninhos de criminosos, já vimos que as estruturas criminosas estão no exército, na polícia, no governo, nas oligarquias e são formadas em sua maioria por pessoas de terno e gravata) já que no país tudo é visto da perspectiva desse estereótipo. Tal como Otto Pérez Molina com sua famosa frase de “mão dura” este novo fantoche da criminalidade estrutural pretende seguir violentando a infância e a adolescência do país.

Aqui incluímos tatuagens, forma de vestir, cor da pele, estilo de corte de cabelo, linguagem, local da residência, se a pessoa estuda, trabalha, tem profissão ou ofício, gênero, etc.

O acontecido no Lar Seguro Virgen de la Asunción no governo de Jimmy Morales não será nada comparado com a quantidade de meninas e adolescentes que serão violadas e assassinadas por membros do exército, pela polícia e paramilitares que lavarão as mãos dizendo que eram de um bando. A comunidade LGBTI também está exposta a ser violentada por criminosos a partir do governo. 

Os criminosos, os terroristas, são aqueles que atentam contra a infância e a adolescência do país. Só por essa palavras Giammattei deve ser visto como o maior criminoso no governo atual e deve ser destituído imediatamente, porque a Guatemala não necessita violência governamental, nem ditadores, necessita de um governo que reconstrua o tecido social e que dê oportunidades de desenvolvimento àqueles que têm sido excluídos milenarmente.

E a sociedade continuará permitindo, fazendo revoluções somente nas redes sociais ou se atreverá a parar com essas quadrilhas de criminosos que tomaram o governo? Até quando?

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Ilka Oliva Corado. @ikaolivacorado

 

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