Escrever

Tradução do Eduardo Vasco,  Diário Liberdade  
Escrever, escrever, escrever.
Escrever se chove, se faz sol, se está nublado, à luz de vela, na pressa, no silêncio, na madrugada, ao meio dia, no banheiro, no ônibus, na rua, no fim da extirpação.
Escrever na embriaguez, na sobriedade, na agonia, no pranto, na perda, no abandono. Na alienação. Na abundância. No vício. Apesar das circunstâncias, escrever.

Escrever sem vergonha, na timidez, na embriaguez, no embaraço, sem medo, apesar do temor, sem decoro, na ansiedade; na alegria, na histeria, na dor, na incerteza, no êxtase. Escrever sem parar, sem delicadeza, com ternura, com cólera, sem pressa, na precipitação, na urgência, na solidão, escrever, escrever, escrever.
Escrever na nudez, na culpa, no desassossego, no descoberto, na calidez, na paranoia, escrever na insatisfação, no questionamento, na placidez, no descontentamento. Escrever, escrever, escrever.
Escrever com sede, na agonia, com a ferida aberta, escrever em carne viva, na restauração, na destruição, como terapia, como companhia, como catarse, como expressão, como realização. Escrever, escrever, escrever.
Escrever na desconfiança, no vazio, como cura. Escrever sana, escrever cura, fortalece, conduz, satisfaz, escrever liberta. Escrever, escrever, escrever em todas as horas, todos os dias, como respiração…
Se você pretende compartilhar esse texto em outro portal ou rede social, por favor mantenha a fonte de informação URL:  https://cronicasdeunainquilina.wordpress.com/2017/10/07/escrever/
Ilka Oliva Corado @ilkaolivacorado contacto@cronicasdeunainquilina.wordpress.com

Deja un comentario

Este sitio usa Akismet para reducir el spam. Aprende cómo se procesan los datos de tus comentarios.